O amor está no ar nas florestas de Cachoeiras de Macacu, onde um casal de onças-pardas foi recentemente avistado, trazendo novas esperanças para a espécie muito ameaçada de extinção.
A fêmea, Estrela (Txuri), conhecida por não demonstrar interesse em machos nos últimos quatro anos, finalmente encontrou um parceiro à sua altura: Poñan, um macho que vem co-dominando a região. A interação entre os dois despertou grande interesse dos pesquisadores, que acompanham o comportamento dos felinos.
Com a proximidade da COP de Biodiversidade, na próxima semana, em Cali na Colômbia, o debate sobre a proteção da biodiversidade ganha mais destaque. Um país mega diverso como o Brasil tem grande responsabilidade e visibilidade. Destacamos a importância de monitoramento da biodiversidade em florestas preservadas ou plantadas. Nesse sentido, projetos como o Guapiaçu, oferecem valiosas informações que auxiliam na proteção da biodiversidade. Além disso, contribui para a Meta 4 da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) que defini as metas que vão orientar as ações mundiais pela conservação da biodiversidade até 2030.
O monitoramento de onças, conduzido pelo Caminho da Mata Atlântica e Refauna com apoio do Projeto Guapiaçu em parceria com a Petrobras, é realizado no Parque Estadual dos Três Picos (PETP) e Reserva Ecológica de Guapiaçu (Regua). Essa ação tem permitido uma análise detalhada do comportamento desses animais, algo considerado uma inovação no campo da conservação. “Conseguimos agora identificar a espécie em nível de indivíduos, o que é um avanço significativo. Esse tipo de técnica de monitoramento nos permite acompanhar de perto a ecologia e os comportamentos, como a corte e a interação territorial, que antes eram difíceis de observar com precisão,” explica o Yan Rodrigues.
O processo de identificação das onças-pardas ocorre em três etapas. A primeira envolve a análise de cicatrizes permanentes, diferenças corporais, tonalidade e manchas em áreas-chave do corpo, como o rosto e, quando possível, a razão sexual. A segunda fase consiste no acompanhamento dos comportamentos singulares de cada indivíduo. Já a terceira etapa envolve a comparação entre os animais identificados, feita por pares. “Cada uma dessas etapas é fundamental e pode levar cerca de dois meses para garantir a identificação precisa de cada onça”, explicam o pesquisador.
Agora, as atenções estão voltadas para o desfecho desse encontro. “Estamos esperançosos de que esse relacionamento resulte em filhotes.”, conclui Yan Rodrigues.